O conjunto de obras apresentados nesta edição especial da Revista Studium demonstra mais uma vez que as atividades do ensino de fotografia no curso de Midialogia, especialmente na disciplina de Projeto de Fotografia, é um espaço para a criação das amplas possibilidades que o fotográfico permitiu desde sua origem até os dias de hoje. Assim, os estudantes podem navegar pela história da fotografia, mergulhando em expansões criativas ontológicas e adentrar fronteiras do ficcional e da imaginação contemporânea. O afetivo e o desconstrutivo são lugares incentivadores para rompimento dos gestos padronizados aderentes à inércia dos funcionários do programa, ou ainda a aproximação com o conceito de “contravisión”, de Joan Fontcuberta, em ação como hackers da cultura visual, permitem processos de criação no interior das múltiplas caixas pretas da visualidade ótica e numérica de nossa era.
No campo da contravisão Carol Neumann mergulha no mundo das imagens escanográficas em seus autorretratos em movimento, nos quais a dinâmica do tempo induz a um mundo imaginário para além da autorrepresentação; o tempo também é a âncora imagética do ensaio de Kaian Ciasca, onde passado e futuro se consolidam na imagem; Daniel Angione interfere com situações inusitadas em games que perpassam incógnitas aos jogadores habituais, criando estranhezas na logicidade programática; Gabriel Pereira atravessa as fronteiras entre ficção e documento em relato pessoal e intransferível; Lucas Corazzini joga ludicamente com a imagem ao induzir erros no processo fotográfico dentro do campo da glith art; e ainda Carlos Eduardo desloca o monumental de uma instalação industrial, uma refinaria de petróleo, com ensaio de luzes poéticas e futuristas.
No campo afetivo, o encontro com a pessoalidade de uma imagem simples e banal para muitos se torna o lugar para a subjetividade e a pulsão no fotofilme de Pablo Gea; aqui, também podemos localizar a construção de alteridades e identidades no ensaio de Fernando Catto. O jogo relacional e referencial entre imagéticas se encontra nos múltiplos pontos de vistas dados a ver no ensaio de Letícia Cabral.
A presente edição não é somente mais uma etapa de apresentação de trabalhos de fotografia dos alunos de Midialogia, mas sim, a apresentação pública da consolidação de processos criativos que o curso possibilita e incentiva, demarcando, assim, o processo de formação humanística e tecnológica dos alunos, um fazer pensar e um pensar fazer.
Fernando de Tacca
Fernando de Tacca
Érico Elias
Caroline Neumann, Daniel Angione e Pablo Gea
Caroline Neumann e Daniel Angione
Lygia Nery
Tales Bicudo e Unimídia
Carlos Ferreira, Caroline Neumann, Daniel Angione, Fernando Gregório, Gabriel Pereira, Kaian Ciasca, Letícia Cabral, Lucas Corazzini e Pablo Gêa.