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Considerações Finais

The Glassman pode ser considerado uma natureza-morta pós-moderna. Natureza-morta, per si, são imagens realizadas a partir de composições feitas com arranjos de frutas, flores, animais, cuja exuberante aparência tenta encobrir a característica principal desses elementos, que é a morte. Na obra em questão, a morte é disfarçada através da aparência dos olhos abertos do fotografado. A obra pode ser considerada pós-moderna no sentido de conter os elementos imagéticos necessários para fazer-se a crítica à imagem fotográfica e ao seu papel massificado e massificador desempenhado na caótica sociedade contemporânea.

O olhar do jovem "punk" não é sua alteridade, não é ele como sujeito que finge ser outro em pose para foto, é o fotógrafo que age no corpo do referente dissimulando-o, fazendo-o vivo, por meio do olhar, e morto através da costura em seu peito. O jovem homem morto é o objeto da foto, em analogia aos objetos técnicos, industriais, midiáticos, aos artefatos de todas as espécies, que querem significar, serem vistos, gravados, fotografados, ou seja, tendem à imagem técnica (Flusser, 1997). O sujeito da foto é o fotógrafo. Mais uma vez Witkin consegue, por intermédio de sua obra, denunciar a ironia objetiva desse mundo caótico: "não é mais o sujeito que representa o mundo (I will be your mirror!), é o objeto que refrata o sujeito e que sutilmente, através de todas as nossas tecnologias, impõe-lhe sua presença e sua forma aleatória" (Baudrillard, 1997, p. 104).